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Povoamento e ocupação de Caraguatatuba

A etimologia da palavra Caraguatatuba vem do tupi e significa, de acordo com Silveira Bueno, “lugar de muitos caraguatás”. Caraguatá é uma planta da família das bromeliáceas e do gênero Bromelia, que faz parte da floresta encontrada nas vertentes da Serra do Mar, no sentido do litoral. Os frutos das plantas são comestíveis, sendo uma importante fonte de alimentação para os povos  indígenas da região. Foi possível verificar a presença desta planta e seus frutos durante a viagem de campo à RMVPLN na área da Lagoa Azul, Ubatuba, município limítrofe de Caraguatatuba.

Ao chegar no Litoral Norte de São Paulo, mais especificamente na Enseada dos Caraguatás, os portugueses encontraram uma ocupação indígena da nação Tupi, pertencente ao grupo Gueromimis.

A formação do população do município foi composta majoritariamente por portugueses e indígenas, já que o povoamento negro no Brasil aconteceu  nas áreas em que o cultivo de cana de açúcar e do café eram mais intensos, no entanto, o ciclo do café em Caraguatatuba foi breve e de pouca intensidade, impedindo que a população negra assentasse e compusesse a população. E, mesmo que fosse significativa a atividade cafeeira, Segundo Campos (2000, apud GRINET, 2015) Caraguatatuba era o município, do vale do Paraíba e Litoral Norte, que apresentava o menor contingente de escravos. (GRINET, 2015)

A interação entre os povos nativos e os brancos portugueses, gerou a fundação da a Vila de Santo Antônio de Caraguatatuba, dentre outras. A formação do povo caiçara acontece da mistura cultural entre o branco português, o índio nativo e, de forma menos ativa, envolve as referências africanas, aliadas a paisagens do ambiente litorâneo: “praias, mangues, restingas, estuários, rios e mar” (Kok, 2012, p.45 apud GRINET, 2015).

A distribuição populacional pelo território recém invadido se deu em meio a muitos conflitos entre índios e portugueses, os Tupinambá, nação composta de várias tribos guerreiras que habitavam o litoral na época da chegada portuguesa, possuíam um contingente populacional em torno de 100.000 mil pessoas.

Por sofrerem inúmeros ataques dos Tupinambá de Ubatuba, os colonizadores centrados em São Vicente tomaram a decisão da construção do Forte de São José da Bertioga (Cunha,2012).Os Tupinambá, ancestrais de todas as tribos de origem Tupi que habitavam o litoral brasileiro ao longo do século XVI, formavam um contingente populacional em torno de 100.000 mil indivíduos, e eram os indígenas mais conhecidos dos europeus, à época. (Grinet, 2015)

Caracterização Demográfica de Caraguatatuba a partir de 1970

A cidade de Caraguatatuba tem seu desenvolvimento marcado principalmente após a década de 1970, onde a indústria da construção civil foi o principal fator para tal desenvolvimento, gerando uma valorização imobiliária, principalmente nas proximidades do mar em direção à cidade de Ubatuba. Isso gerou um forte crescimento migratório, que em uma década (1960-1970) superou mais que notadamente o crescimento vegetativo da cidade, passando de seus 70% (Ver tabela). (GIGLIOTTI e SANTOS, 2013).

Empregos formais da Indústria, construção, alojamento e alimentação do município de Caraguatatuba

 Figura 2 - Principais ramos de empregabilidade 1996 - 2010. Fonte: SEADE.

Azul - Empregos formais da Indústria  

Laranja - Empregos formais da construção

Verde - Empregos formais de alojamento e alimentação

Josué de Castro

Alguns anos após a construção da Rodovia Tamoios, mais precisamente no ano de 1967, houve um índice pluviométrico assustador durante o mês de março, o que levou a vários deslizamentos de terra, enchentes e mais de 400 mortes na cidade (CASTRO e col. 2011), não foi encontrado nenhum argumento (artigo, estudo aprofundado) se a construção de rodovias e ocupações antrópicas também tiveram alguma relação, o que se tem ao certo é que as frentes climáticas daquele ano, junto às precipitações orográficas, geraram tal evento.

Figura 3 - Evolução da população urbana de Caraguatatuba.

Fonte: SEADE

Uma das maiores dificuldades deste município é o seu planejamento urbano, por abrigar 106.000 das 115.000 pessoas presentes em sua área urbana (IBGE,2017), acaba por se transformar em uma cidade com um aglomerado urbano preocupante, trazendo agravantes para a qualidade de vida da população como a carência na infraestrutura urbana e a segregação sócio-espacial. O mercado imobiliário foi o principal fator para o rápido crescimento urbano da cidade, tendo 95% de sua população situada nesta área, tal movimento obrigou a saída de muitas famílias para que se fosse possível sua expansão, levando-as a migrarem para terrenos irregulares da cidade, muitas vezes em encostas dos morros. (GIGLIOTTI e SANTOS, 2013).

Figura 4 - Evolução da mancha urbana de Craguatatuba 1979-2010. Fonte: Instituto Polis.

O crescimento acelerado e desordenado também trouxeram preocupações para a estrutura da cidade, onde verificou-se a perda de áreas verdes, verticalização irregular da orla e a dificuldade da drenagem urbana. (POLIS, Instituto, 2012).

E a expectativa de crescimento urbano continua, esperando-se que até 2023 haja 38.955 domicílios com população residente no município, 26,34% a mais do que se havia registrado em 2011.

É o município com mais área para expansão urbana no litoral norte. A maior parte, localiza-se na planície entre o centro e a região sul do município, mais afastada da Serra do Mar. No norte do município também existem áreas disponíveis próximas à orla. No entanto, para termos o potencial de ocupação dessa áreas é preciso descontar as unidades de conservação existentes, as áreas de preservação permanente em função de altas declividades, as que ficam junto aos cursos d´água e a faixa preamar. Deve-se considerar, também, a existência de coberturas vegetais, riscos de inundações e fragilidade dos solos. (POLIS, Instituto, 2012, p.5)

Figura 5 - Áreas com potencial para ocupação urbana em Caraguatatuba.

Fonte: Instituto Polis.

Observando o rendimento médio mensal, verifica-se que as pessoas que possuem maior poder aquisitivo se encontram próximas à orla, enquanto as que possuem rendimento igual a 1 salário mínimo estão localizadas longe dessa área e coincidem com a maior população de cor parda, já as que têm rendimento médio de R$510,00 a R$1.530,00 estão espalhadas por diversos pontos da cidade. Os responsáveis por domicílios que não possuem nenhum rendimento encontram-se nas encostas da Serra do Mar e ao longa da Rodovia Tamoios. (POLIS, Instituto, 2012).

Figura 6 - Distribuição da renda no território de caraguatatuba. Fonte: Instituto Polis, 2012.

Quando observado o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS), é possível confirmar tais afirmações levantadas a partir do rendimento mensal da população, visto que a maior parte das pessoas que estão em alta vulnerabilidade urbana encontram-se na parte mais afastada do centro da cidade e próximas à região das encostas da Serra do Mar, que em 2010 somavam 932 pessoas ou 0,9% da população total e tinha rendimento médio de R$1.147,00 e em 39,2% deles a renda não alcançava meio salário mínimo per capita. Enquanto as pessoas que ocupava o grupo 1 (baixíssima vulnerabilidade) não chegava a marca de 140 pessoas, e tinha rendimento médio de R$4.920,00. (IPVS, 2010).

Figura 7 - Índice Paulista de Vulnerabilidade Social - Caraguatatuba.

Fonte: IPVS, 2010.

Referências:

Gigliotti e Santos. A expansão urbana de Caraguatatuba (1950-2010): Uma Análise das transformações sócio espaciais. 2013. Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/>. Acesso em: 28 Maio 2017.

 

IPVS. Índice Paulista de Vulnerabilidade Social: Município de Caraguatatuba. 2010. Disponível em: <http://indices-ilp.al.sp.gov.br/view/index.php>. Acesso em: 28 Maio 2017.

POLIS, Instituto. Caraguatatuba Diagnóstico: Litoral sustentável desenvolvimento com inclusão social. 2012. Disponível em: <http://www.polis.org.br/uploads/1628/1628.pdf>. Acesso: 28 Maio 2017.

 

POLIS, Instituto. Litoral Sustentável desenvolvimento com inclusão social: Resumo executivo de Caraguatatuba. 2012. Disponível em: <http://litoralsustentavel.org.br/wp-content/uploads/2013/12/Resumo-executivo-Caraguatatuba-Litoral-Sustentavel.pdf>. Acesso em: 28 Maio 2017.

 

SEADE. Informações dos Municípios Paulistas. 2017. Disponível em: <http://www.imp.seade.gov.br/frontend/#/>. Acesso: 28 Maio 2017.

 

GRINET, Maria Assunção de Oliveira Macedo. Pães da terra e quintais sem cercas: Relações entre identidade caiçara e o desenvolvimento da cidade. Dissertação de mestrado. Fernandópolis: Universidade Camilo Castelo Branco 2015.

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