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04
Organização
A formação do município de Caraguatatuba se deu no início do século XX, e é dita complexa, devido a vários processos que contribuíram para a construção e organização espacial. Antes dos anos 30, boa parte das pequenas construções que havia lá, como aponta SCIFONI (2005), baseada na obra de SEABRA (1979), eram destinadas as produções de café, tais como:
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Assim, no decorrer dos anos 30 tem-se ainda remanescentes da aristocracia do café utilizando os palacetes; artesãos, profissionais liberais e comerciantes utilizando pensões e hotéis. Contingentes de menor poder aquisitivo usavam as cabines instaladas nas parias e constituíam-se, sobretudo em população flutuante, aquela que na área fazia curta permanência. (SEABRA, 1979, p.17).
Foto: Praia Hotel nos anos 90- Caraguatatuba- SP.
Fonte: IBGE (2016).
De acordo com SCIFONI (2005), todo o litoral norte paulista, se formou devido à separação de terras, as dividindo em praias, concomitantemente com a construção de casas e condomínios em áreas planificadas cercadas pela Serra do Mar. Junto a esse processo, como indica GIGLIOTTI E SANTOS (2013), a abertura de estradas e rodovias para a cidade em 1939, caracterizou Caraguatatuba como estância balneária, o que serviu de atrativo na época para uma grande parte de migrantes, o que contribuiu consequentemente para o aumento da malha urbana local.
Todavia, como afirmam GIGLIOTTI E SANTOS (2013), muitas pessoas não registravam suas moradias e possuíam um terreno irregular. Com isso, iniciou em 1964, uma maior fiscalização por parte do governo, sobre as moradias existentes, através do ‘Plano Maquiavélico’ que desalojava pessoas com lotes irregulares na documentação. Portanto, uma população urbana que em 1960 chegava a 72,86%, dez anos após era menos da metade, isto é, boa parte da população se viu obrigada a procurar outro meio. (GIGLIOTTI E SANTOS, 2013). Entretanto, a dinâmica espacial não caminhava somente para essa tendência. De acordo com GIGLIOTTI E SANTOS (2013), migrantes estrangeiros e do meio rural, começaram a adentrar no município em 1970, atraídos pela indústria de construção civil que iniciava a construção de infraestrutura da cidade em prol da população, pois como indica SHERRER, SILVA E BRITO (2014):
Josué de Castro
...o papel da indústria da construção civil não é diferente do que em outras regiões, uma vez que a presença ativa desse segmento econômico traz consigo a necessidade de incremento de políticas públicas na área da educação, saúde e moradia, uma vez que a demanda por tais serviços aumenta à medida em que novos moradores e trabalhadores migrem para o município, atraídos pelos empregos gerados, assim como pela opção de residência. (SHERRER, SILVA E BRITO, op. cit., pg.11).
Com o processo da construção de infraestrutura na cidade, de acordo com GIGLIOTTI E SANTOS (2013), passa-se a ver no município, a formação dos pequenos bairros, como o de Sumaré, Indaiá, Jardim Primavera e Sumaré, que por sua vez, são localizados mais ao centro da cidade, como também os mais distantes, o Porto Novo, Martim de Sá, Palmeiras e Prainha. “Neste mesmo período também surgem condomínios de luxo como a Tabatinga”. (GIGLIOTTI E SANTOS, pg.3).
Ao mesmo tempo, em 1970, inicia-se a implantação de uma indústria de extração de Gás Natural, o que contribuiu como afirma GIGLIOTTI E SANTOS (2013), para a classificação de Caraguatatuba, como uma cidade de porte médio, e também para o aumento da população. Porém, vale ressaltar, como afirma GIGLIOTTI E SANTOS (2013), que nem todos os que chegaram ao município, foram trabalhar em área formal, indo ocupar lugares informais de habitação, como as encostas da Serra do Mar, por exemplo.
Com a vinda dos migrantes, como afirma GIGLIOTTI E SANTOS (2013), a dinâmica espacial aumentou no que diz respeito à população, mas principalmente ao investimento/desenvolvimento da infraestrutura da cidade. Todavia de acordo com os autores (op. cit.), os problemas urbanos ainda repercutiam, como: “ocupação de áreas de risco, loteamentos irregulares, a não eficácia de aparelhos urbanos como transporte, saneamento básico e atendimento à saúde, degradação ambiental, educação, segregação, entre outros”. (GIGLIOTTI E SANTOS, 2013).
Entretanto, apesar de todos os problemas urbanos que existiam na época, a população ainda continuou a crescer, a qual GIGLIOTTI E SANTOS (2013) informar que esse processo continuou, impulsionado pela migração, através do fortalecimento das rodovias que ligavam a Caraguatatuba, pela especulação imobiliária presente, pelo desenvolvimento industrial, pela presença do Terminal de São Sebastião que gerava empregos, e pela construção do TEBAR (Terminal Marítimo Almirante Barroso) que contribuiu para o desenvolvimento econômico do município, que consequentemente, impulsionaram a grande vinda de mão de obra, aumentando a produção do próprio capital municipal, e principalmente da própria cidade: Caraguatatuba.
ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO COM AS RODOVIAS – FERROVIAS.
Conforme o jornalista Salim Burihan (2012) houve uma tentativa de construção de uma ferrovia que ligaria as cidades de Taubaté a Ubatuba e conectaria o litoral norte na malha ferroviária paulista e esta teria se iniciado em 1890, na época, um projeto bastante ambicioso, que tinha como objetivo escoar de uma maneira rápida e barata a produção de café do Vale do Paraíba para o litoral, mas a obra nunca foi concluída por conta de corte no financiamento público, provocado por disputas políticas.
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Foto: Bondinho que transportava pessoas na Fazenda dos Ingleses - Caraguatatuba- SP.
Fonte: Via Orla (2012)
Entretanto existiu em Caraguatatuba uma ferrovia de pequena extensão que se iniciava na Fazenda dos Ingleses e transportava toda a produção de frutas, principalmente, de banana, até um pequeno porto, que existia no bairro do Porto Novo. De lá, a produção era colocada em chatas, que transportava os produtos até os navios, que por sua vez, levavam a produção de frutas para a Inglaterra. A ferrovia, implantada na década de 20, foi desativada em 1967 por conta da tromba d’água que atingiu a cidade de Caraguatatuba e a destruiu em quase todo seu percurso.
Mapa esquemático da Ferrovia
Fonte: Via Orla (2012).
AS VIAS DE TRANSPORTE AO MUNICÍPIO DE CARAGUATATUBA ATÉ 1957
Conforme CARDOSO e RICCI (2013) até 1960 havia uma escassez de vias de transporte para a região do Litoral Norte Paulista e consequentemente para Caraguatatuba a qual acabou acarretando um longo período de estagnação da economia e de relações comerciais ficando toda região economicamente dependente apenas da plantação da Cana de Açúcar e do Café.
Esse esquecimento e isolamento só foram resolvidos nos anos 40 e 50 do século XX no momento que o turismo se interessa pela região, com a instalação da Petrobrás, na década de 60, na vizinha São Sebastião e principalmente quando na inauguração da Rodovia dos Tamoios (SP-99).
RODOVIA DOS TAMOIOS (SP-99)
A Rodovia dos Tamoios (SP-099) possui 82 quilômetros de extensão e foi inaugurada em 1957 pelo DER-SP, fazendo a ligação entre as cidades de São José dos Campos, no planalto, e Caraguatatuba, na planície.
O governo do estado entregou em janeiro de 2014 a duplicação do trecho de planície que corresponde a quase 50 km da rodovia.
Em 2015 passou a ser administrada pela Concessionária Tamoios, liderado pela empresa Queiroz Galvão e neste sentido assumiu a obrigação de duplicar o trecho de serra, cujas obras devem ter início no segundo semestre de 2015, com previsão de término em abril de 2020.
OS ACESSOS ATUAIS E PRINCIPAIS RODOVIAS
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Fonte: DER(2017).
No presente momento, Caraguatatuba é a principal cidade do litoral norte paulista e neste sentido apresenta localização privilegiada para quem deseja conhecer a sua região como um todo. Existem acessos relativamente fáceis às quatro cidades vizinhas e suas respectivas praias e atrativos.
O acesso para os habitantes da região da grande São Paulo é pelas rodovias Ayrton Senna/Carvalho Pinto (SP-70) ou Dutra (BR-116), sentido norte até São José dos Campos onde é necessário utilizar a saída para Rodovia dos Tamoios (SP-99), sentido Litoral. O acesso os habitantes do município do Rio de Janeiro é bem parecido onde a principal diferença é que se deve utilizar o sentido sul da Dutra até São José dos Campos e ingressar na Rodovia dos Tamoios (SP-99).
Existe acesso pela Rio-Santos (BR-101) onde pode ser feito da seguinte maneira: Ayrton Senna/Carvalho Pinto até Mogi-Bertioga (SP-98) e, de lá, Rio-Santos sentido Rio de Janeiro atravessando o município de São Sebastião, mas a opção pela Rodovia dos Tamoios (SP-99) é normalmente a mais utilizada.
Destaca-se que é possível chegar a Caraguatatuba de ônibus de diversas cidades, sendo a viação Litorânea a principal operadora do terminal rodoviário, pois é a detentora das linhas de ônibus que vai para a Capital Paulista e oferece o transporte intermunicipal para as cidades de Ubatuba e São Sebastião (EMTU).
Sobre o atual
O início dos primeiros investimentos na construção espacial do município, estabeleceu na cidade, assim como afirma GIGLIOTTI E SANTOS (2013), o título de “porte médio”, fazendo com que atualmente, de acordo com SOUZA E ANDRADE (2013), Caraguatatuba apresente infraestrutura para comportar as demandas da Petrobrás, através do Terminal de São Sebastião, e continua ainda, com a extração e tratamento de Gás Natural, que vem sendo desenvolvido há anos, devido a maior facilidade de extração no local.
No que diz respeito a políticas públicas e seu desenvolvimento, segundo ARRUDA (2013), explica que atualmente, o foco do município não está mais na construção de infraestrutura no município, com indústrias ou condomínios, mas sim, no “... planejamento regional, melhorar a qualidade de vida, cooperação entre vários níveis de governo, utilização racional dos recursos naturais (sustentabilidade) e diminuir a desigualdade regional”. (ARRUDA, 2013, pg.8).
Todavia a divisão entre as praias e a classificação como estância balneária, no qual foi constituída e permanece até os presentes dias torna o turismo o foco principal. Segundo o Portal de Caraguá (2017), o município de Caraguatatuba investiu na infraestrutura para o ramo turístico, construindo “largas avenidas a beira-mar, calçadões e ciclovias ao lado de belas praias”. (Portal de Caraguá, 2017). E ainda sim, não só o próprio governo viu nesse ramo, um crescimento econômico, mas também a própria população, pois, de acordo com o Portal de Caraguá (2017), o município “Conta com aproximadamente 50 hotéis e 55 colônias de férias com cerca de 9 mil leitos, diversos restaurantes e quiosques que oferecem cardápio variado a lá carte ou self-service”. (Portal de Caraguá, 2017).
A Estância Balneária de Caraguatatuba apresenta diversos atrativos turísticos como o Museu de Arte e Cultural de Caraguatatuba ou MACC, Teatro Mário Covas e o seu centro comercial.
Para quem gosta de contato com a natureza temos o Morro Santo Antônio por oferecer uma vista privilegiada de toda a enseada da cidade e o Parque Estadual da Serra do Mar, como visto na imagem:
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Foto: Vista do município de Caraguatatuba- SP.
Fonte: Mapio.net (2017).
Entretanto o município é reconhecido principalmente pelos seus 40 quilômetros de orla e onde se encontra praias para todos os tipos onde destacamos três praias bem distintas:
PRAIA DE MARTIM DE SÁ
A Praia Martim de Sá está localizada a 2 km do centro e é uma das mais urbanizadas do município de Caraguatatuba, sendo assim acaba sendo uma das preferidas dos jovens, que fazem de lá ponto de encontro durante os finais de semana, carnaval e férias. Com 1,5 quilômetros de extensão e de areia fina e tom amarelado, a praia é bastante concorrida nos dias ensolarados de verão.
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Foto:Praia de Martin de Sá
Fonte: Loucos por Praia (2013
PRAIA DE MASSAGUAÇU
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A Praia de Massaguaçú fica localizada a 10 quilômetros do centro da cidade. Nela temos uma boa infraestrutura mesmo longe do centro, pois é costeada por muitos prédios e casas de veraneio. Por ser uma praia de tombo recomenda-se muito cuidado por apresentar fortes correntes marinhas.
Foto: Praia de Massaguaçú
Fonte: Loucos por Praia (2013)
PRAIA BRAVA
A preferida dos surfistas pelas suas ondas fortes e também pelo pouco movimento em função de seu acesso que se dá por uma trilha de dez minutos pelo morro, a partir da praia Martim de Sá.
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Foto: Praia Brava
Fonte: Loucos por Praia (2013)
Referências:
ARRUDA, Felipe G.REGIÃO METROPOLITANA DO VALE DO PARAÍBA DO SUL PAULISTA E LITORAL NORTE: MELHORIAS OU CONTINUAÇÃO DE UMA MESMA POLÍTICA PÚBLICA?. III SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA POLÍTICA. G& DR. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, v.04, n.12. Taubaté, São Paulo, 2013.
Burihan, Salim. As ferrovias do Litoral Norte>> Disponível em: <http://salimburihan.blogspot.com.br/2012/05/as-ferrovias-do-litoral-norte.html>. Acesso em: 27 mai.2017.
CARDOSO, Beatriz de Barros Vianna; RICCI, Fábio. AO DESENVOLVIMENTO TARDIO NO LITORAL NORTE DE SÃO PAULO: INFLUÊNCIA DA INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES – SÉCULO XVIII A 1960. Revista Ciências Humanas – Universidade de Taubaté (UNITAU). Disponível em: <http://www.rchunitau.com.br/index.php/rch/article/view/54/47>. Acesso em: 27 mai.2017.
DER. DER ROTEAMENTO>> Disponível em: <http://200.144.30.104/website/webrota/viewer.htm>. Acesso em: 27 mai.2017.
GIGLIOTTI, Claudilene Macedo da Costa; SANTOS, Moacir José dos. A EXPANSÃO URBANA DE CARAGUATATUBA (1950-2010): UMA ANÁLISE DAS TRANSFORMAÇÕES SÓCIO ESPACIAIS. Programa de Pós-Graduação. Instituto de Geografia -UFU. Caminhos da Geografia, v.14, n46. Uberlândia, 2013.
IBGE. Instituto de Geografia Brasileira Estatística. São Paulo >> Caraguatatuba>> infográficos: fotos. Disponível em:<http://cidades.ibge.gov.br/painel/fotos.php?lang=&codmun=351050&search=sao-paulo|caraguatatuba|infograficos:-fotos>. Acesso em: 27 mai.2017.
Loucos por Praia.São Paulo >> Caraguatatuba>> Disponível em: <http://loucosporpraia.com.br/sp/praias-caraguatatuba/>. Acesso em: 27 mai.2017.
Morro do Santo Antônio. Disponível em: < http://mapio.net/pic/p-40577097/>. Acesso em: 31 mai.2017.
Portal de Caraguá. Dados Gerais. Disponível em: < http://portaldecaragua.com.br/index.php?option=com_content&task=category§ionid=1&id=23&Itemid=38>. Acesso em: 31 mai.2017.
SEABRA, Odette Carvalho de Lima. A muralha que cerca o mar. Uma modalidade de uso do solo urbano. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia, letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1979.
SCIFONE, Simone. URBANIZAÇÃO E PROTEÇÃO AMBIENTAL NO LITORAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2005.
SHERRER, Alberto; SILVA, José Luis Gomes da; BRITO, Luiz Antonio Perrone Ferreira de. Estudo da influencia do crescimento da construção civil na deposição de resíduos solidos: estudo de cada no municipio de Caraguatatuba. G& DR. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, v.10, n.2. Taubaté, São Paulo, 2014.
SOUZA, Adriane Aparecida Moreira de; ANDRADE, Daniel José de. FATORES CONDICIONANTES DA FORMAÇÃO DO MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO-INFORMACIONAL NA REGIÃO METROPOLITANA DO VALE DO PARAÍBA E LITORAL NORTE. G& DR. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, v.04, n.12. Taubaté, São Paulo, 2013.
TOLEDO, Danilo. Guia Turístico Completo de Caraguatatuba. Disponível em: <https://d335luupugsy2.cloudfront.net/cms%2Ffiles%2F9746%2F1481203160eBook_guia_turistico_caraguatatuba.pdf>. Acesso em: 27 mai.2017.
Wikipedia. Caraguatatuba>> Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Caraguatatuba#Praias>. Acesso em: 27 mai.2017.