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Planície de Caraguatatuba

          A planície de Caraguatatuba é uma área de grande fragilidade, devido tanto à proximidade com a Serra do Mar como com o Oceano Atlântico. Resultado de sucessivos processos de ingressão e regressão marinhas, essa região como tantas outras “praias de bolso”, tem sua formação no o início do Período Quaternário (123.000 A.P) que continuam até hoje e tem o mar como agente, que avança ou recua sobre a linha de costa . Tais eventos depositam sedimentos marinhos no leito oceânico e produzem uma feição plana quando as áreas submersas sofrem a regressão marinha (Gobbi, 2009).

          As escarpas abruptas que rodeiam a planície de Caraguatatuba são constituídas por rochas pré-cambrianas e que apresentam alto grau de resistência, formando um anfiteatro entre estes espigões. Nesta planície a proximidade da Serra do Mar e com o Oceano tornam esta área uma das mais vulneráveis, segundo Gobbi (2009).

Fonte: PACHECO, J. 2017

          Segundo Cruz (1974), nas baixas encostas e proximidades de pé de serra, formam-se rampas de desgaste ou de aplainamento, verificadas por meio de rupturas de declive, sendo estas menos íngremes que as declividades verificadas no restante da encosta. Estas áreas caracterizam-se pelo talude de detritos que as compõe, já que com a forte ruptura na declividade, o leito d’água deixa de ser um agente erosivo e passa ter características deposicionais. Desta maneira, a formação de planícies sedimentares como a de Caraguatatuba ocorre pela evolução das vertentes das escarpas serranas, concomitantemente com as variações no nível do mar, conformando-a em seu estado atual.

Serra do Mar

          A Serra do Mar é uma feição que ocupa área significativa não somente no setor de Caraguatatuba, mas sim em todo o litoral norte paulista (Andrade e Cunha, 2010). Segundo Cruz (1974), as escarpas da Serra do Mar são constituídas por rochas pré- cambrianas, apresentando um alto grau de metamorfismo e grande resistência à denudação. Esse metamorfismo se deu por conta de movimentação tectônica entre 120 e 65 m.a. que também provocou o arqueamento da crosta e a formação de planos de falha transcorrentes, gerando a Serra do Mar (SUDELPA, 1986).

          As escarpas costeiras da Serra do Mar, no denominado litoral norte do Estado de São Paulo, são compostas por enorme quantidade de vertentes alongadas, na sua maioria escarpadas, com fortes amplitudes topográficas entre os topos e o fundo dos vales (Cruz, 1990)

          

          A localização e a dimensão da Planície Sedimentar de Caraguatatuba se devem a uma modificação do lineamento estrutural do Planalto Atlântico, que apresenta até as praias de São Sebastião um direcionamento NE-SW e, a partir de Caraguatatuba, modifica-se para N-S, com um recuo da Serra do Mar para oeste, propiciando a formação da Planície Sedimentar (Gobbi, 2009).

Fonte: PACHECO, J. 2017

          Com as variações glácio-eustáticas e consequentemente mudanças no nível de base dos rios de Caraguatatuba, são verificados movimentos de massa, que constituem eventos inerentes à região por conta da grande proximidade da barreira orográfica que é a Serra do Mar. Estes movimentos foram responsáveis inicialmente, quando no período da formação de lagunas na área da atual planície, por colmatarem os reservatórios naturais de água salobra represada pela formação de ilhas-barreira (Gobbi, 2009).

Clima de Caraguatatuba

          Monteiro (1973), por conta do clima atuante na área, somado às pequenas bacias de drenagem que dissecam a área, o regime pluvial adquiriu uma importância fundamental no transporte e deposição de sedimentos. No entanto a partir do máximo transgressivo holocênico, há a contínua tendência de progradação da linha de costa.

          Segundo Muehe (2001), o fato de haver uma barreira orográfica situada muito próxima à linha de costa propicia-se que precipitações sejam recorrentes a área, de forma a provocar um clima superúmido, catalisador do escoamento superficial, de bruscos aumentos de descarga fluvial, ocasionando uma maior erosão das Escarpas Cristalinas, na forma de escorregamentos de massa e de corridas de lama.

Climograma de Caraguatatuba

Fonte: climate.data.org

          Villwock (1994) e Muehe (1998) afirmam que também são condicionantes naturais da linha de costa as modificações na disponibilidade de sedimentos, clima de ondas e variações do nível do mar. Desta forma, no caso de uma enseada (como a da Planície de Caraguatatuba) pode-se comprovar que o nível marinho é conceito relativo, pois com a decorrência de processos aluviais e coluviais, a área que antes é sobreposta pelo mar, passou a ser entulhada com material oriundo da Serra do Mar.

Vegetação

Na planície há o predomínio do bioma restinga, formação vegetal com predomínio de cactáceas, herbácea, arbustivo e arbóreo, essa formação vegetal apresenta coloração verde claro,  devido ao solo arenoso e salino, que é muito poroso, e que retém pouca umidade no solo, apesar da região possuir bom índice pluviométrico. É uma área muito devastada, o crescimento do município é na planície.

Restinga - vegetação que recebe influência marinha, presente ao longo do litoral brasileiro, também considerada comunidade edáfica, por depender mais da natureza do solo do que do clima. Ocorre em mosaico e encontra-se em praias, cordões arenosos, dunas e depressões, apresentando de acordo com o estágio sucessional, estrato herbáceo, arbustivo e arbóreo, este último mais interiorizado (CONAMA)

Fonte: PACHECO, J. 2017

Na Serra do Mar há o predomínio da Mata Atlântica, formação tropical exuberante, favorecida pelo umidade constante e clima quente, importante citar que a floresta tropical mantém o sistema de retroalimentação, em que folhas e restos vegetais, se constituem num importante material orgânico que repõem os nutrientes necessários para a floresta.  No trabalho de campo foi possível observar e entender de maneira empírica a formação de chuva orográfica na Serra do Mar e também o termo barlavento e sotavento.

Fonte: PACHECO, J. 2017

Referências:

ANDRADE, Cleberson Ernandes de;  CUNHA, Cenira Maria Lupinacci. CARACTERIZAÇÃO DO RELEVO ATRAVÉS DA CARTOGRAFIA GEOMORFOLÓGICA: UM EXEMPLO DE APLICAÇÃO EM UM SETOR DO LITORAL NORTE DO ESTADO DE SÃO PAULO.  UNESP - Rio Claro, 2010.

CRUZ, O. A Serra do Mar e o litoral na área de Caraguatatuba: contribuição à geomorfologia litorânea tropical. USP,1974

CRUZ, Olga. CONTRIBUIÇÃO


GEOMORFOLÓGICA AO ESTUDO DE ESCARPAS DA SERRA DO MAR. USP, 1990

GOBBI, Estéfano Seneme. Depósitos Gravitacionais, Marinhos e Fluviais e a Evolução Geomorfológica da Planície Sedimentar de Caraguatatuba-SP.  UNICAMP, 2009.

MONTEIRO, C.A.F. (1973). A climatologia do Brasil ante a renovação atual da - 98 - Geografia: um depoimento. Métodos em Questão. p.1-15.

MUEHE, D. (1998) Geomorfologia Costeira. In: GUERRA, A. J. T. & CUNHA, S. B. da (orgs) Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. Rio de Janeiro– RJ: Bertrand Brasil, 3ª Ed., p. 253–308.

MUEHE, D. (2001) O litoral brasileiro e sua compartimentação. In: GUERRA, A. J. T. & CUNHA, S. B. da (orgs). Geomorfologia do Brasil. Rio de Janeiro – RJ: Bertrand Brasil: 2ª Ed., p. 273–349.

SUPERINTENDÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DO LITORAL PAULISTA (SUDELPA)
(1986) Projeto Aplicação de Laudos Geológicos-Geotécnicos em loteamentos de Caraguatatuba. Relatórios Parciais I e II.

VILLWOCK, J. A. (1994) Conferência: A costa brasileira: geologia e evolução. In: III Simpósio de Ecossistemas da Costa Brasileira. Serra Negra–SP.


Vol. I – Manguezais e Marismas. p. 1–15

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